terça-feira, 4 de novembro de 2014

Chocolate e vinho combinam? São Tomé e Príncipe acha que sim!

Manoela Chocolateria
Manoela Chocolateria
"É o vigésimo ano que estamos presentes em vinte anos de salão. São Tomé é o único país presente, sem interrupção, desde a primeira edição", sublinhou o cônsul honorário de São Tomé e Príncipe em Marselha e responsável pelo stand são-tomense, Jean-Pierre Bensaïd, à Lusa.


O balanço da participação "é muito positivo", disse, e voltou a contar com a presença de artistas são-tomenses que já estiveram no salão, como o pintor Eduardo Malé e o duo Calema, composto pelos irmãos Fradique e António Mendes Ferreira.

"De ano para ano começámos a ter mais público e o pessoal começou a adorar. Começámos a fazer todos os salões, em Paris, em Lyon e em Marselha. Este ano, lançámos o nosso primeiro álbum que se chama 'Bomu Kêlê' ou 'Vamos acreditar'", descreveu António Mendes Ferreira, depois de um miniconcerto que concentrou centenas de pessoas no palco principal do Salão do Chocolate.

Como é habitual, Jean-Pierre Bensaïd também subiu ao palco para contar ao público a história do chocolate de São Tomé e Príncipe, lembrando que o país "foi o berço do cacau africano" por ter sido "introduzido pela primeira vez em África em 1822".

"Em 1913, São Tomé era o primeiro produtor mundial de cacau. Hoje é o inverso. A produção anual de cacau de São Tomé e Príncipe ronda as duas mil toneladas, mas a produção mundial são quatro milhões. Ainda assim, São Tomé continua a ser conhecido como a 'Ilha Chocolate' porque o cacau é dos mais finos do mundo", explicou à Lusa.

Pela primeira vez no salão, que começou a 28 de outubro, estiveram o 'chocolatier' Nuno Andrade e o 'sommelier' Nuno Jorge que apresentaram a 'Cacao di Vine', a marca portuguesa que casou o chocolate com o vinho, a partir de castas portuguesas e estrangeiras. Os pacotes de chocolate apresentam uma embalagem de cortiça a remeter para Portugal e, claro, para o universo do vinho.

"Somos os únicos a fazer a junção do chocolate com vinho. Existem outras versões à base de licores, ou seja, o licor no interior do chocolate. Nós fazemos uma diferença que é uma fusão no interior, temos uma mousse. A degustação torna-se mais cuidadosa, não tão agressiva, não se sente tanto o álcool", descreveu Nuno Jorge à Lusa.

Os dois empreendedores criaram a marca há três anos, depois de se aperceberem, ao longo de muitas degustações de vinho e de chocolates, que podiam unir o melhor de dois mundos: o conhecimento de um 'sommelier' [profissional especializado em bebidas] com o de um 'chocolatier'.

"O chocolate é criado a partir de castas estrangeiras produzidas em Portugal como o Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah e o Pinot Noir e de castas portuguesas como a Tinta Roriz, a Baga, a Touriga Nacional. Estamos a produzir um chocolate de Moscatel de Setúbal e temos uma invenção que fizemos que é Vinho do Porto, amêndoa e flor de sal", explicou Nuno Andrade.

Depois de dois anos de estudos, os jovens conseguiram entrar no mercado da Suécia, Dinamarca e Finlândia e, agora, estão determinados em entrar nos mercados de França, Bélgica e Espanha. O Salon du Chocolat conseguiu-lhes abrir algumas portas e o objetivo de dar a conhecer a marca foi cumprido.

"Acima de tudo [conseguimos] contactos muitíssimo bons a nível externo, estamos a falar do Chile, América do Sul, Estados Unidos e Reino Unido. Em princípio vamos ter algumas lojas aqui em Paris, mais viradas para o 'gourmet'", continuou Nuno Andrade.

O 'gourmet' anda nas bocas do mundo, mas agradar aos mestres da arte do chocolate não é tarefa fácil. Nuno Andreade garante que os portugueses conseguiram-no e tiveram "o reconhecimento de alguns 'chocolatiers'" que passaram no stand.

Fonte: http://www.noticiasaominuto.com/economia/300024/inovacao-portuguesa-no-salao-do-chocolate-em-paris